O texto apresenta uma discussão sobre as formas de construção dos eventos históricos. Demonstram-se alguns aspectos da discussão historiográfica recente, referente à Independência do Brasil, que busca analisar e refletir sobre os fatos históricos construtores da nação brasileira a partir de uma diversidade de fontes que permite a confrontação dos relatos unívocos.
Neste texto, é proposta uma reflexão sobre alguns momentos da Independência do Brasil a partir de novas perspectivas. É importante refletirmos sobre quando e como alguns consensos sobre os fatos são alcançados com vistas à construção de certa narrativa sobre um fato histórico. É nesse sentido que se propõe a reflexão sobre a conquista da Independência. Importa saber, por meio das fontes históricas disponíveis, qual era o contexto social, político e cultural no momento do evento. Dessa forma, será possível pensarmos, por exemplo, sobre a participação popular para a conquista do status de nação independente politicamente, ela existiu? Os panfletos demonstram que sim. E as representações do Grito da Independência, como a pintura de Pedro Américo? Como pensá-las? Por meio dos indícios sobre suas realizações. Afinal, uma representação romantizada, feita a pedido da monarquia, em um momento de incerteza política (a pintura foi feita em 1888, um ano antes da instituição da República no Brasil), não deve ser lida e interpretada antes de passar por sérias relativizações. É dessa forma que se considera possível o estudo dos fatos políticos do país sem encará-los como circunstâncias prontas e inquestionáveis. Analisar os fatos é possível, sem, contudo, deixar de apresentá-los como construção imbuída de intencionalidade dentro de determinado contexto.